terça-feira, 17 de agosto de 2010

HISTORIA EM AÇÃO - REVISÃO


QUESTÕES VESTIBULARES UFBA 2010.

QUESTAO 01

A sociedade política é como um cabo composto de muitos fios: o fato de se acharem esses diferentes fios torcidos e enrolados uns sobre os outros aumenta não somente a força do cabo, mas também sua flexibilidade. Existem fios de interesses econômicos, fios de sentimento nacional e doméstico, fios de crença religiosa, fios de deferentes graus de experiência e educação. O próprio cabo é complexo por natureza, e mais complexo o fazem ainda os nós representados pelas dificuldades políticas que clamam solução; para uma política sã impõe-se, porém, uma condição, a saber: que não se deve recorrer ao exemplo de Alexandre, de desembainhar a espada para cortar o nó górdio. Qualquer imbecil poderá resolver os problemas do poder político pela lei marcial; mas ninguém, a não ser um imbecil, tomaria por governo semelhante processo. ( MUMFORD, s/d, p. 199).
A análise do texto e os conhecimentos sobre a organização das sociedades moderna possibilitam afirmar:

(01) A estrutura da sociedade política, na transição da Idade Média, para a Idade Moderna, caracterizou-se pelo entrelaçamento de fios amarrados ao pensamento teocêntrico cristão.
(02) A economia mercantil e os governos dos “príncipes”, nas cidades italianas do período renascentista, confirmam a complexidade, as força e a flexibilidade da sociedade política de sua época.
(04) “Fios de sentimento nacional” estiveram ausentes no processo político de unificação da Alemanha, ao longo do século XVIII.
(08) “Fios de crença religiosa”, aliados a fatores étnicos e territoriais, tem dificultado a construção e o reconhecimento de uma sociedade política de governo palestino no Oriente Médio.
(16) O uso da força para a manutenção da ordem pública, de forma temporária ou permanente, em sociedades democráticas ou não, constitui sempre um indicador de falência da sociedade política.
(32) Sociedades políticas organizadas em Estados Totalitários lançam mão, com freqüência, da solução do “nó górdio” para enfrentar dificuldades de ordem política.
(32) As cidades-estado representaram, ao longo da historia, a incapacidade de diferentes povos para se organizarem em sociedades políticas compostos por “fios” múltiplos e complexos.
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Questão 02

[...] Os historiadores discordam sobre a exata porcentagem de escravos na população total de Atenas no século IV, mas Moses Finley afirma que a proporção era tão grande quanto o conjunto dos estados escravocratas do sul, na América, em 1860, e que os proprietários de escravos na Grécia eram até mais amplamente distribuídos entre a população livre do que na América. A economia grega não era tão dependente da escravidão como as economias das Índias Ocidentais e do sudeste dos Estados Unidos; n entanto, Finley argumenta persuasivamente que a instituição era um elemento intrínseco à sociedade helênica. Além disso, “as cidades em que a liberdade alcançou sua expressão mais alta – mais claramente Atenas ---- eram cidades em que a escravidão florescia”. Assim, a historia da Grécia antiga apresenta o mesmo paradoxo que deixou os americanos perplexos a partir do século XVIII: liberdade e escravidão pareciam avançar juntas. ( DAVIS, 2001, p.53-54)

(01) As relações de produção do Feudalismo, ao estabelecerem os laços de dependência do servo ao senhor, alteraram, mas não extinguiram, as relações escravistas, que seriam retomadas e modificadas no contexto do Colonialismo Mercantil do século XVI.
(02) Ser proprietário de escravos, na Grécia antiga, não indicava, necessariamente, que o individuo fazia parte das elites ou das camadas dominantes, bastava-lhe ser livre e cidadão.
(04) A presença expressiva da escravidão, nas cidades gregas que mais cultivavam a liberdade e a democracia, constitui uma contradição quando comparada às concepções de liberdade e democracia elaboradas pelo pensamento liberal/ocidental do século XIX
(08) A expansão militar/imperialista do Império Romano, a partir do século III a.C., foi fator responsável pelo fortalecimento do caráter escravista de sua sociedade e pela dependência de sua agricultura e atividades urbanas da Antiguidade.
(16) O trabalho escravo era indispensável à sobrevivência econômica das metrópoles colonialista dos séculos XVI ao XIX, da mesma forma como acontecia nas sociedades escravistas das cidades gregas da Antiguidade.
(32) A origem africana e a cor negra identificavam o escravo e seus descendentes tanto nas cidades gregas quanto nas colônias do Novo Mundo, o que coloca as duas experiências escravistas no mesmo processo histórico.
(64) O avanço da urbanização, no Brasil Colonial, foi fator de desestimulo ao trabalho escravo, em virtude da ampliação do mercado de trabalho livre e assalariado, que atraia grande parte de componentes das classes desprivilegiadas coloniais, independente da situação civil ou da origem étnica.
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Questão 03

Salvador e o Recôncavo dependiam do sertão. Salvador necessitava da carne que o sertão fornecia. Carne, couro e sebo eram usados na cidade e no campo, e os engenhos precisavam igualmente de bois para o transporte, muitos também como força motriz. Grandes boiadas percorriam, às vezes, sessenta quilômetros por dia, com destino às feiras na orla do Recôncavo, onde um ativo comércio tinha lugar. A primeira dessas feiras foi Capoame, estabelecida por Francisco Dias d’Ávila em 1614; Localizada na paróquia de Santo Amaro de Ipitanga, próxima à atual Camaçari, a feira, realizada as quartas, prosperou e permaneceu a mais importante até a ascensão da feira de Santana, a “Princesa do Sertão”, na década 1820. Na década de 1720, o couro tornou-se importante produto de exportação na Bahia. Na frota de 1735, por exemplo, transportou 180861 meios de sola e mais de 11 mil peças de couro cru. Além disso, a indústria de fumo de Cachoeira dependia do couro para embalar os rolos e, assim, havia também uma demanda constante dentro da própria capitania pelo couro do sertão. (SCHWARTZ, 1995, p.88)
Considerando-se o texto, que trata sobre um dos aspectos da economia do Brasil Colonial – as atividades agropecuárias – e os conhecimentos sobre o tema, pode-se afirmar:

(01) A marcha do povoamento, nas terras do Brasil, nos séculos XVI e XVII, aconteceu com o deslocamento dos currais existentes no sertão em direção aos grandes centros urbanos do litoral.
(02) As feiras de gado, referidas no texto, se estabeleceram em momentos históricos diferentes, mas ambas foram responsáveis pelo povoamento e pela fixação de núcleos urbanos na Colônia.
(04) Os currais construídos no Vale do São Francisco garantiram, no século XIX, o intenso contrabando de africanos escravizados na fase posterior à Lei Eusébio de Queiroz.
(08) A produção de couro e derivados na Bahia esteve destinada ao mercado metropolitano e ao mercado interno, como atividade complementar da economia colonial.
(16) A vila da Cachoeira situada no chamado Recôncavo Sul da Bahia, além da produção de fumo, também atuou como pólo de produção açucareira e ponto de partida para a penetração no sertão.
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Questão 04

A política externa do Segundo Reinado girou em torno de dois eixos fundamentais: as relações privilegiadas com a Inglaterra, que foram interrompidas momentaneamente coma Questão Christie, e as constantes intervenções do Brasil na Bacia do Prata, que geraram conflitos com vários países da regiões, como, por exemplo, Argentina e Paraguai. (CÁCERES, 1993, p. 191).

Considerando-se o texto e os conhecimentos sobre a política brasileira no Segundo Reinado, pode-se afirmar:
(01) “As relações privilegiadas” referidas no texto dizem respeito a concessões especiais feitas pela Inglaterra ao Brasil, anistiando a dívida brasileira com aquele país por ocasião do reconhecimento da Independência.
(02) A chamada “Questão Christie” (1863) representa mais um episodio dos conflitos entre Brasil e Inglaterra, ocorridos no período mais agudo da pressão inglesa contra o tráfico de africanos escravizados para o Brasil.
(04) A dependência econômica do Brasil frente à Inglaterra, no período referido, comprova-se através dos empréstimos ingleses para obras de infraestrutura e as importações brasileiras de produtos daquele país por preços mais competitivos no mercado.
(08) O Brasil desenvolveu uma política imperialista de agressão sistemática contra os países com os quais fazia fronteiro, por ser a única monarquia entre os países republicanos da América do Sul.
(16) A pressão brasileira na região platina, na segunda metade do século XIX, explica-se, em parte, pelo temor do Brasil de perder o livre acesso à navegação comercial no Rio da Prata.
(32) Um dos desdobramentos da Guerra do Paraguai na política interna brasileira diz respeito ao fortalecimento do Exército e das reivindicações políticas dos oficiais de alta patente, ocasionando conflitos com o governo monárquico.
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Questão 05

TEXTO I
Narra a crônica que foi numa noite chuvosa do verão de 1939 que o mineiro de Ubá Ary Barroso (1903-1964) compôs Aquarela do Brasil, canção que divulgou a imagem de um país de natureza exuberante, de cidadãos de todas as classes e raças convivendo em alegre harmonia. Lançada num período de acirrado nacionalismo, Aquarela consolidou o estilo samba-exaltação e, com versos ufanistas, ajudou a elevar o gênero samba à categoria de símbolo musical nacional. (NARRA.... 2009, p. 178).

TEXTO II
Brasil, meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Ô Brasil, samba que dá
Bamboleio que faz gingar
Ô Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim

Ah, abre a cortina do passado
Tira a Mãe Preta do cerrado
Bota Rei Congo no congado
Brasil, Brasil
Pra mil, pra mim.
(BARROSO, 2009, p. 178)

A análise do texto, dos versos e os conhecimentos sobre as relações etnoculturais da sociedade brasileira permitem afirmar:

(01) A imagem de “todas as classes e raças convivendo em alegre harmonia” no Brasil, citada no Texto I, e a crença na inexistência de preconceito ou discriminação racial originaram o conceito de “democracia racial”.

(02) A expressão “mulato inzoneiro” referida no Texto II, traduz a imagem idealizada da malandragem alegre e inofensiva associada ao mestiço, geralmente pobre, sem profissão definida e habitante da periferia das grandes cidades brasileiras na primeira metade do século XX.
(04) O Brasil de 1939, dirigido pelo governo constitucional e democrático de Getulio Vargas, repeliu a poesia da Aquarela do Brasil por considerá-la pouco elaborada e distante do estilo clássico herdado da cultura européia.

(08) O “acirrado nacionalismo” a que o Texto I se refere se relaciona com ideologias nacionalistas cultivadas na Europa do período e constituiu a base teórica e política para a linha condutora do nacionalismo econômico do Brasil até o fim de Segunda Guerra Mundial.

(16) As expressões “Mãe Preta” e “Rei Congo”, presentes no Texto II, representam a situação de integração social e o reconhecimento da cidadania do negro nas diferentes camadas da sociedade brasileira, nos 1930-1940.

(32) O gênero samba antes cultivado pelas classes populares, foi apropriado pela filosofia política do governo de Getulio Vargas durante a Segunda Guerra Mundial, passado a compor um dos símbolos da imagem transmitida pelo Estado Novo para o exterior.
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